quinta-feira, novembro 30, 2006

A babel é aqui

Um jornalista da Folha me ligou pedindo entrevista. Recusei instintivamente. Depois foi um do Estadão. Desta vez hesitei, pedi que me telefonasse depois. Não era legal me recusar a falar e depois cobrar que não fui ouvido. Mas eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Bernardo Kucinski

Duas vezes, este mês, recusei pedidos de entrevista de um jornalista da Folha, ex-aluno meu. Recusei instintivamente, sem pensar. Não gosto do jeito que ele escreve. Logo depois, no final da semana, telefonou-me um jornalista do Estadão, também pedindo entrevista, para uma reportagem sobre os planos do governo na área da comunicação. Respondi, meio brincando e meio a sério, que só dava entrevistas para estudantes de jornalismo, porque os profissionais tinham se tornado maliciosos demais para o meu gosto; deixaram de ser confiáveis. Mas hesitei. Pedi que me telefonasse na segunda, que eu ia pensar. Ele não telefonou, mas nesse ínterim, eu pensei. Pensei, principalmente, que não era legal eu me recusar a falar e depois cobrar dos jornalistas profissionais o fato de não nos ouvirem. Eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa e saber formular essas causas no plano da razão. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Penso que o principal motivo é o reconhecimento de que não existe mais uma língua comum entre nós – digamos de modo simplificado, entre esquerda e direita. Não se trata apenas do fato de que os jornalistas profissionais não procuram saber o que a gente pensa, e querem apenas pinçar frases que legitimem o seu discurso ou dêem pretexto para nos desancar. Fomos além disso. Trata-se da perda da capacidade de se comunicar. È como se vivêssemos numa babel. Quando nós dizemos que queremos democratizar a comunicação no Brasil, eles entendem que queremos controlar a comunicação no Brasil; quando dizemos que os jornalistas nos devem uma auto-reflexão sobre o comportamento da imprensa, eles entendem que estamos pedindo que parem de criticar o governo. Quando dizemos que a imprensa está distorcendo determinada história, eles distorcem o que nós dissemos. E assim vai. Tudo o que a esquerda e, em especial, os petistas dizem, é entendido como o seu contrário.

Vivemos, portanto, um processo de desordem lingüística que está impedindo as pessoas até mesmo de se entenderem sobre quais são suas divergências. E a dissonância não se dá apenas entre esquerda e direita. Parece atravessar todo o universo da argumentação pública. Principalmente na internet, que estimula a intervenção espontânea. Este último artigo que eu escrevi sobre a Radiobrás, por exemplo, suscitou uma intervenção que me apóia por razões que eu não defendo no artigo, ao contrário, combato. E as intervenções, contra ou a favor, não se detém nos pontos que eu pensei que havia ressaltado no artigo: o fato de a Radiobrás não ter conseguido contrapor à narrativa de má qualidade da grande imprensa uma narrativa própria, calcada em investigação independente e de qualidade dos fatos da crise. Um dos leitores diz que eu quero recriar a DIP. Vejam só. É como se estivesse falando grego. A DIP era um instrumento de controle da imprensa, de um regime ditatorial, e seu principal instrumento era a censura.

Nada no meu texto, na minha história de vida e na natureza do regime político brasileiro permite essa interpretação. Mas o leitor acredita sinceramente que eu proponho a recriação do DIP. Como eu considero que um dos atributos do meu texto é a clareza, devo pensar que o problema não está no texto, está na sua decodificação. Não mais compartilhamos a mesma matriz lingüística: cada um codifica e decodifica a seu modo. O mesmo signo tem significados diferentes. Já não temos uma língua.Temos falas. Podem ser até falas escritas, mas operam como falas individuais e não uma língua, na qual os significados são compartilhados. Acontece que nem os fatos mais elementares falam por si mesmos; precisam ser narrados, interpretados, explicados e discutidos. E as idéias, então? As idéias são nebulosas se não são enunciadas através de uma língua, dizia o fundador da ciência da linguagem, Ferdinand Saussure. É o que parece estar acontecendo conosco. As palavras já não demarcam de modo unívoco, porque para uns significam uma coisa e para outros o seu contrário.

Não há mais diálogo. Cada um de nós é hoje o enunciador de um monólogo. Rompeu-se o pacto dos brasileiros em torno de sua língua-mãe. Ou, o que pode ser ainda pior: a língua está sendo usada para excluir, para separar, mesmo porque língua é uma prática social dinâmica e não um sistema estático de signos que expressam significados imutáveis. Por exemplo, no debate econômico pela mídia, se você não adere ao discurso do mercado, você está falando sozinho.

Pode ser que isso tudo faça parte de um processo mais geral de separação, de fragmentação, de individualização dos interesses, ao invés de sua socialização ou pactuação. É a mesma fragmentação que caracteriza a atuação das ONGs, cada qual defendendo a preservação do seu pedaço de mata atlântica. Uma espécie de autismo, que ignora o interesse público mais geral.

Será que isso tem a ver com o esvaziamento ideológico típico da pós-modernidade, na qual já não há significados dominantes? Tem a ver, por exemplo, com a queda do muro de Berlim? Ou tem mais a ver com fatores contingentes, como a vitória de Lula, não uma, mas duas vezes? Na segunda vez, a quase totalidade dos colunistas brasileiros descolou-se dos ideais do povo e passou a falar para si mesmos, manejando a língua não para se comunicar, e sim para se afastar dos seus leitores. Isso os levou à crise. E não venham me dizer que eu estou querendo controlar a mídia.



Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é editor-associado da Carta Maior. É autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

Ministério Público pede prisão de fundadores da Igreja Renascer

da Folha Online

O Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva dos fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo: Estevam Hernandes Filho e sua mulher, Sônia Haddad Moraes Hernandes. O pedido foi feito porque o casal não compareceu à audiência do processo em que os dois são denunciados por lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica.

O pedido de prisão foi enviado para a Justiça no último dia 17. O juiz da 1ª Vara de Justiça Criminal, Paulo Antônio Rossi, ainda não analisou o pedido do Ministério Público.

O processo tramita em segredo na 1ª Vara Criminal, que já determinou quebra do sigilo bancário e bloqueio de bens do casal Hernandes.

A assessoria da Renascer informou que Estevam não compareceu à audiência porque estava com um problema nos olhos. Também informou que o atestado médico já foi enviado para o Ministério Público, que deve juntar o documento ao processo.

Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo do dia 25 de outubro informava que um ex-funcionário da Renascer, que se identificou como "J", disse que o dinheiro arrecadado entre os fiéis era usado para pagar funcionários de empresas dos Hernandes. Assim, sobravam mais recursos para que as empresas do grupo comprassem bens.

Numa outra denúncia, o Ministério Público de São Paulo acusou os Hernandes e o bispo primaz Jorge Luiz Bruno de falsidade ideológica. Eles teriam montado uma igreja "laranja", chamada Internacional Renovação Evangélica, para livrar a Renascer de processos.

Segundo a denúncia, a igreja Internacional Renovação Evangélica, criada em 2004 por Jorge Luiz Bruno, não existe fisicamente. No endereço indicado na ata de fundação --rua Maria Carlota, 879, na zona leste de São Paulo-- funciona um templo da Renascer.

Os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado) Arthur Lemos, Eder Segura, Roberto Porto e José Reinaldo Carneiro --que fizeram o pedido de prisão preventiva-- não quiseram se manifestar, pois o processo está sob segredo de Justiça.

simple pages

Gimme some love, gimme some love, gimme some I want you to know
Gimme some love, gimme some love, sugar thats the wrong wrong way to go
Open your arms, open your arms honey, and come right back home to me
Gimme some love, gimme some love, sugar thats the wrong wrong way to be

Can't you see
Where to be this time
Simple pages on my mind

Kick it on back, kick it on back, kick it on back to what you know
Gimme some love, gimme some love, sugar on the hard rock radio
When they play tunes, when they play tunes, when they play riffs of the hard rock beat
Gimme some love, gimme some love sugar from the drop with the old school BEAT

Can't you see
Where to be this time
Simple pages on my mind

Gimme something I can believe, oh baby

Can't you see
Where to be this time
Simple pages on my mind

Kick it on back, kick it on back, kick it on back to what you know
Gimme some love, gimme some love, sugar on the hard rock radio

So gimme some love
Gimme some love
Gimme some love
Gimme some love
Gimme some

Can't you see
You're just me
Turn these pages of my mind
Oh, oh

domingo, novembro 26, 2006

Portugal ganha loja que grava dubplate

Fátima Guerreiro, da Agência Lusa

Lisboa, 25 Nov (Lusa) - A gravação de vinil por unidade - dubplates - já é uma realidade em Portugal e é procurada, sobretudo, por produtores de música eletrónica, músicos ou simples amantes do suporte analógico.

Uma loja no Porto, que segundo uma das proprietárias é única em Portugal, é especializada na gravação de dubplates, possibilitando ao músico a gravação de um único disco em vinil, ao invés de ter de esperar um dia ser editado ou de ter de gravar 500 ou mil unidades de uma só vez.

Em declarações à Agência Lusa, Mariana Faria, uma das sócias da loja, ressalta que "nada melhor poderia ter acontecido para fomentar a produção e globalização dos novos gêneros e a continuidade do vinil na indústria musical".

Em boates, bares ou discotecas, um pouco por todo o mundo, as "bolachas de plástico" não param de tocar as últimas produções vindas do Brasil, da Inglaterra, França, Alemanha, Jamaica ou Estados Unidos.

Drum&Bass, House, Eletro, Breakbeat, Reggae, Hip Hop - milhões de pessoas vibram ao som da definição analógica.

De CD para vinil


A partir de um original em suporte digital - CD - é feita a gravação de um vinil de "qualidade igual ao vinil comercial", garante Mariana Faria.

É uma oportunidade para DJs e produtores que querem misturar as suas próprias composições, sons, instrumentais e para todos os aficionados do som analógico.

Mas a loja também já fez uma prensagem em quantidade: um músico pediu, na semana passada, a gravação de 500 discos de sete polegadas.

A loja tem uma base de dados com mais de 900 mil títulos de todos os gêneros musicais. Se o pedido de um cliente não for encontrado na base de dados, e se estiver livre do direito de autor, pode ser feito um dubplate.

Devido aos DJs e colecionadores, o vinil não morreu. E também porque está "virando moda".

Da Jamaica para o mundo

Nascida na Jamaica, à volta dos Sound Systems e de toda a cultura Reggae, a gravação de dubplates expandiu-se a diferentes gêneros musicais.

A idéia de cada Sound System passar "sons únicos" em vinil e disputar pelo melhor som, chamou a atenção na Inglaterra, berço da música eletrônica.
Segundo Mariana Faria, só em Londres há sete ou oito casas que gravam dubplates, cerca de cem por semana, em média. Em Portugal, foram gravados também cem, mas desde março.

Otimista, Mariana afirma que dentro de dois anos terão mais clientes, até porque, diz, muitos artistas portugueses começam a preferir o dubplate para enviarem às gravadoras.

Os índices mundiais de venda de vinis não param de subir. Produtores e bandas editam e comercializam os seus trabalhos em suporte analógico/vinil, dada a qualidade deste suporte e a possibilidade de manipulação.

E apesar das novas conquistas digitais, o vinil está em alta na Cultura Urbana.

Portugal foi um dos países que mais prensou vinil na década de 70, mas a maioria das prensas existentes em Portugal até 1987 foi vendida, estando agora na Inglaterra em pleno funcionamento.

sábado, novembro 25, 2006

Ímã mais poderoso do mundo é implantado na Alemanha

BERLIM - Um instituto com sede em Saxe (leste da Alemanha) anunciou ter posto em funcionamento nesta sexta-feira o que garante ser o ímã mais poderoso do mundo, cujo campo magnético será, com o tempo, equialente a dois milhões e meio o da Terra.

Inaugurado no Centro de Pesquisas de Rossendorf, perto de Dresden, o ímã alcançará este ano uma capacidade de 80 teslas (unidade de medida de indução magnética) e no fim, de 110 teslas.

Até agora, nenhum ímã do mundo supera os 71 teslas.

O instrumento, cuja bobina pesa uma tonelada, servirá principalmente para pesquisar as propriedades de matéria, sobretudo no campo da nanotecnologia.

"Mas não queremos só fazer pesquisa básica, também queremos utilizá-lo para fins concretos", disse o professor Joachim Wosnitza, que dirige o projeto. Assim, o ímã poderia melhorar a pesquisa sobre tumores.

Segundo o instituto, cientistas do mundo inteiro já mostraram seu interesse pelo ímã, que pode ser usado gratuitamente por universidades e pesquisadores.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Break volta à cena em batalha mundial; SP recebe final da competição

ADRIANA FERREIRA SILVA
da Folha de S.Paulo

O rap bomba nas rádios daqui em versões comerciais e underground. De sujeira, o grafite virou arte e freqüenta mostras em museus e galerias. Os DJs, bem, esses estão em toda parte. Dos quatro elementos da cultura hip hop, apenas a dança de rua conhecida por breakdance (ou breaking ou b-boying) ainda não tinha uma representação decente no Brasil.

Não tinha. O estilo estará sob os holofotes amanhã, com a realização do Red Bull BC One, primeiro campeonato internacional de b-boys -como são chamados os dançarinos de break-, que faz sua final mundial em São Paulo.

É injusto, no entanto, dizer que o BC One está despertando uma uma cena. Ela existe há anos. Realiza eventos locais lotados. B-boys e b-girls brasileiros participam --e vencem-- batalhas internacionais. Eles só não recebiam a devida atenção.

Bruno Miranda/Folha ImagemA dança de rua não tem mídia. Sobrevive por meio de divulgação na internet, nos campeonatos", explica Nelson Triunfo, 52, o mais famoso dançarino da velha escola.

O estilo, introduzido aqui nos bailes black, se mantém vivo no gueto, nos pés de b-boys. Renova-se e vai ao exterior, por meio de companhias de dança. Agora, também começa a chamar a atenção do cenário internacional. Em 2005, o paulista Alex José Gomes Eduardo, o Pelezinho, 24, ficou em quarto lugar na edição alemã do BC One.

Neste sábado, ele e o brasiliense Jorge Andre de Lima Gonçalves Curado, o Muxibinha, 17, concorrem à vaga de melhor do mundo, competindo com 14 b-boys de outros países.

Ginga

O break começou a se espalhar pelo Brasil a partir dos anos 80, quando dançarinos como Nelson Triunfo, Frank Ejara e outros paravam as ruas do centro de São Paulo fazendo passos incompreensíveis. "O pessoal via a gente deslizando para trás e ficava assustado. Achava que tínhamos rodinhas nos tênis", lembra Triunfo.

O estilo teve, sim, seu momento de grande mídia naquela década em que Michael Jackson consagrou o passo "moonwalk". Foi quando Nelson Triunfo e sua trupe foram parar na abertura da novela "Partido Alto", no horário nobre da rede Globo. De lá para cá, o break mudou e ganhou um jeitinho nacional.

"Tem aqueles [b-boys] que têm uma característica bem brasileira, com a gingada mais puxada para o lado do sambista, do capoeirista", diz Triunfo. "É uma ginga mais alegre, divertida. Isso caracteriza muito o brasileiro, que é atrevido, ágil." Entretanto, coube, principalmente às companhias de dança, como o Grupo de Rua de Niterói e os Discípulos do Ritmo, renovarem a dança de rua.

"Queremos refletir, desconstruir e olhar criticamente o que está na dança contemporânea para repensar o hip hop", explica Bruno Beltrão, 27, do Grupo de Rua de Niterói (GRN).

Com cinco espetáculos no currículo, e passagens por 14 países, o GRN, diz Beltrão, não é muito bem-visto pela galera do "movimento", porque não se prende à estrutura básica de passos da breakdance.

"Brigo muito por uma revolução na dança de rua aqui", diz ele. "Estamos preocupados em fazer bem a dança mas, em termos criativos, não há nenhum destaque em relação ao que vem de fora", acredita Beltrão. Para se destacar, o GRN aposta em "potencializar" características do hip hop, como, por exemplo, em passos clássicos como o toprock. "No último espetáculo ["H2 - 2005'], transformamos o vocabulário.

As pessoas olham para aquilo e não acham que é hip hop." Se o GRN quer desorganizar para reorganizar, os Discípulos desenvolvem um trabalho baseado na tradição da dança de rua. Frank Ejara, 34, um de seus fundadores, não vê necessidade de acrescentar características brasileiras ao break. "A gente contribui com qualidade e criatividade", defende Ejara.

A batalha


Os Discípulos do Ritmo estão entre os grupos que animam o BC One amanhã. Eles apresentam uma coreografia inédita, ao som da dupla de bateristas Tuca e Mell. O BC One terá ainda performances da dupla japonesa de b-boys Hamutsun Serve, do DJ Woodoo e de b-girls, além de mostra de grafite.

Os ingressos estão esgotados, mas é possível assistir à batalha numa projeção ao lado da tenda dos shows, no Memorial da América Latina, com entrada gratuita. À tarde, a Casa do Hip Hop, em Diadema, promove uma festa que terá b-boys, DJs, grafiteiros e afins.

Xama e atensão

Não sou pela correta grafia das palavras nem pela gramática correta; ambas são convenções

DESDE QUE me entendo por gente (e mesmo antes disso), ouço falar em decadência do ensino, baixo nível dos vestibulandos, coisas assim. Como qualquer mortal, também cruzei o gargalo de antanho, quando as provas nada tinham do atual sistema de múltipla escolha. Achei profundamente cretina a redação que me mandaram fazer no exame ("narre um filme que viu recentemente") e desovei duas páginas de papel almaço, veículo então obrigatório para requerimentos, certidões e exames escolares.
O que interessava era o resultado: passei no vestibular sem mortos nem feridos, embora tenha sofrido com o exame de latim, onde o catedrático da matéria recusou minha pronúncia, impondo-me Quíquero em lugar de Cícero.
Num ano dos mais antigos do passado, aqui no Rio de Janeiro, o vestibular unificado provocou pasmo e ira de jornais e educadores. Na prova de redação, alguns alunos escreveram chama com "x", atenção com "s" e massa com "cê" cedilha. A televisão perguntou drasticamente: pode um aluno que escreve "xama", "atensão" e "maça" freqüentar uma universidade?
Ninguém me perguntou a opinião, mas vou dá-la gratuita e escandalosamente: pode. Em princípio, sou contra o tal vestibular unificado, que acredito reduzir a sabedoria humana a uma espécie de loteria esportiva intelectual.
Um rapaz analfabeto de pai, mãe e avoengos pode cursar desde o primário até a extensão universitária acertando sempre nas colunas respectivas (aliás, teve um que tirou o primeiro lugar). Pode formar-se engenheiro sem saber somar dois e dois, ser médico sem saber para que serve o coração, ser professor de geografia sem saber que uma ilha é uma porção de terra cercada de água por todos os lados.
Essa hipótese, matematicamente viável, tem uma probabilidade mínima. Um entendido já me explicou a fórmula; parece que são necessários trezentos bilhões de provas para que um mesmo cidadão, sem nada saber, vá do bê-a-bá até a tese sobre a Teoria do Quanta ou sobre as Influências Medas na Cerâmica dos Persas. Deixa para lá.
Sendo contra a múltipla escolha, não sou pela correta grafia das palavras. E muito menos pela gramática correta. No fundo, gramática e ortografia são convenções mais ou menos abstratas.
Os maiores pensadores do mundo, líderes de povos, eram rutilantes analfabetos: Jesus Cristo e Maomé estão aí para provar. Foram os dois homens que mais exerceram influência sobre a vida e a cultura dos outros homens. E, lembremos, nunca perderam tempo em saber se "cãs" é feminino de cão e "farinha", diminutivo de faro.
Lembro uma confissão autobiográfica de Nelson Rodrigues. Um dia, em meio a uma crônica, deu-lhe um branco total e ele perguntou, em voz alta, se cachorro se escrevia com x ou com cê cedilha.
Até hoje, antes de escrever determinadas palavras (esquistossomose, por exemplo, e nem fui ao Aurélio consultar se estou certo), sou obrigado a pensar fundo, ou, sacrifício supremo, ir até a estante apanhar o ensebado dicionário do mestre.
Na minha situação, acredito, estão milhares de outros escribas que não chegam a ser, exatamente, analfabetos, embora no que me tange e concerne, eu tenha pavorosas dúvidas a respeito. Os leitores também.
Por que chama é com "ch" e não com "x"? O importante não é escrever certo. O furo está mais em cima: é pensar certo. Mas o que é pensar certo? Resposta: é pensar de acordo com a norma.
Por falar em norma, venho observando que os gramáticos estão evitando falar em gramática. Têm preferido falar em norma, citar a norma como fonte da verdade e da beleza da língua.
Não faz muito, estarreci alguns professores defendendo a expressão popular "um chopp e dois pastel". No meu entender, a frase é perfeita não pela norma, mas pela ontologia do pastel; não existem "pastéis", existe pastel, que todo mundo sabe o que é. Dois pastéis é uma redundância que o bom gosto literário aconselha evitar.
Sei que essa crônica será considerada um atentado à norma. Chamo a atenção para tudo que foi inventado e fez a Humanidade sair das normas e chegar ao ponto a que chegou -com gente pedindo "um chopp e dois pastel" e "xamando a atensão para os erros da maça".
Não estou inventando uma linguagem, como fizeram Guimarães Rosa e Glauber Rocha, estou apenas registrando a falência das normas em relação ao uso do mundo e dos povos.

CARLOS HEITOR CONY

Pertences de fundador do Pink Floyd vão a leilão após morte

da Ansa, em Londres

Os objetos pessoais do fundador da banda britânica Pink Floyd, Syd Barrett, serão leiloados na semana que vem na Inglaterra, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira. Barrett morreu em julho aos 60 anos de idade, vitimado por um câncer no pâncreas.

Entre os itens leiloados estarão uma árvore de Natal artificial, uma panela para fazer pão caseiro, cadeiras, sofás, uma pá, parte de sua coleção musical, alto-falantes, guitarras elétricas e pôsteres do grupo musical.

Após a morte de Barrett, um dos integrantes do Pink Floyd, David Gilmour, anunciou que o grupo lançará um disco em homenagem a ele, que incluirá a versão ao vivo de "Arnold Layne", gravada por Gilmour e David Bowie no Royal Albert Hall em maio. O álbum também contará com a versão acústica de Gilmour de "Dark Globe".

Barrett, considerado o "cérebro" por trás de Pink Floyd, passou 30 anos vivendo uma vida modesta e suburbana em Cambridge, deixando como herança quase US$ 2 milhões.

O leilão de seus objetos pessoais será realizado na próxima quarta-feira na casa de leilões Cheffins, em Cambridge.

quinta-feira, novembro 23, 2006

bastards of young

God, what a mess, on the ladder of success
Where you take one step and miss the whole first rung
Dreams unfulfilled, graduate unskilled
It beats pickin' cotton and waitin' to be forgotten

We are the sons of no one, bastards of young
We are the sons of no one, bastards of young
The daughters and the sons

Clean your baby womb, trash that baby boom
Elvis in the ground, there'll ain't no beer tonight
Income tax deduction, what a hell of a function
It beats pickin' cotton and waitin' to be forgotten

We are the sons of no one, bastards of young
We are the sons of no one, bastards of young
The daughters and the sons

Unwillingness to claim us, ya got no word (war?) to name us

The ones who love us best are the ones we'll lay to rest
And visit their graves on holidays at best
The ones who love us least are the ones we'll die to please
If it's any consolation, I don't begin to understand them

We are the sons of no one, bastards of young
We are the sons of no one, bastards of young
The daughters and the sons

Young...take it, it's yours...

Consumo internacional de cocaína: Nova York cheira mais que a concorrência

Markus Becker

Pesquisadores têm analisado rios na Europa e nos Estados Unidos em busca de traços de consumo de cocaína. O resultado: o uso da cocaína é provavelmente muito maior do que o anteriormente imaginado - e os nova-iorquinos são os maiores consumidores de coca de todos.

No ano passado, um estudo instigado pela "Spiegel Online" ganhou as manchetes: peritos analisaram os rios da Alemanha em busca de vestígios de uma substância produzida pelo corpo humano durante o consumo de cocaína e os resultados foram abundantes. Os números extrapolados revelaram, entre outras coisas, que os moradores em torno da bacia de drenagem do Rio Reno, perto de Düsseldorf, consumiam cerca de 11 toneladas de cocaína por ano. O valor de rua: cerca de 1,64 bilhão de euros.

Agora os peritos do Instituto de Pesquisa Biomédica e Farmacêutica (Ibmp) de Nuremberg expandiram seu método para outros países da União Européia e para os Estados Unidos. Os resultados são semelhantes aos de 2005: as estimativas oficiais anteriores para uso de cocaína, que dependem altamente de estatísticas policiais, são aparentemente baixas demais.

Por exemplo, em Nova York, as equipes do Ibmp analisaram o Rio Hudson e encontraram subprodutos de um consumo projetado de cocaína que totaliza 16,4 toneladas por ano. Há aproximadamente 3,4 milhões de pessoas com idades entre 15 e 65 anos na bacia do Hudson. Segundo o "Relatório Mundial de Drogas" da ONU, 2,8% dos americanos nesta faixa etária usam cocaína pelo menos uma vez por ano. Isto significaria que cerca de 95 mil pessoas são responsáveis por um consumo anual de 16,4 toneladas de cocaína pura -uma taxa per capita de 172 gramas por ano.

Fortes variações

Mas o "Relatório Mundial de Drogas" diz que o usuário médio, pelo menos na Europa Ocidental e Central, consome apenas 35 gramas de cocaína pura por ano. A menos que o apetite médio do americano seja consideravelmente maior, as estimativas atuais de consumo geral provavelmente são baixas demais. Ou há mais cocainômanos do que o refletido nas estatísticas oficiais, ou eles cheiram bem mais pó por ano do que é suposto.

E há mais. O diretor do Ibmp, Fritz Sörgel, disse que há várias outras informações fornecidas por seu estudo:

-Boa notícia para a Alemanha: o consumo de cocaína, segundo seus dados,
estagnou.


-Nova York mantém seu reinado como Capital Mundial da Cocaína. É possível quase ficar tentado a censurar os nova-iorquinos por desperdiçarem a droga. Em nenhum outro lugar os pesquisadores encontraram uma cocaína tão pura quanto encontram no Rio Hudson.

-A Europa está avançando no consumo de cocaína, com a Espanha liderando bravamente. Os britânicos e italianos também exibiram um apetite ávido por cheirar.

Mas os detalhes variam de cidade para cidade. No Potomac de Washington, os químicos do Ibmp encontraram traços de um consumo per capita anual de 73 gramas de cocaína, enquanto a Baía de San Francisco indica um uso anual de pouco mais que 40 gramas por pessoa.

Na Europa, o padrão é semelhante. Segundo as atuais estimativas da União Européia, cerca de 1% da população da Alemanha entre 18 e 59 anos consome cocaína pelo menos uma vez por ano. Com base nas medições do Ibmp, isto significa que o usuário médio de cocaína em Nuremberg consome meras seis gramas por ano, enquanto em Mannheim o número fica próximo de 55 gramas.

Fritz Sörgel, o diretor do Ibmp, disse que discrepâncias significativas entre medições individuais são resultado de dois fatores. Primeiro, os pesquisadores obtiveram suas amostras em épocas diferentes do ano e em momentos diferentes do dia. Segundo, as medições nem sempre foram realizadas na mesma distância das saídas de esgoto. Eles não retiraram as amostras diretamente das usinas de tratamento, onde o subproduto benzoilecgonina é decomposto em cerca de 80%, mas sim examinaram a água após seu despejo de volta ao rio. Dependendo da distância ao ponto de reentrada, a água da usina de tratamento de esgoto é mais (ou menos) diluída pelo restante da água do rio.

"Quadro Geral Confiável"


"Mas as várias medições em diferentes estações, momentos do dia e distâncias dos pontos de entrada devem resultar em um quadro geral confiável", disse Sörgel. Além disso, os resultados nos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Holanda, Áustria e República Tcheca espelham aproximadamente o ranking estabelecido de países.

"Nós ainda não estamos lidando com um método científico estabelecido para a determinação exata do consumo nacional de cocaína", destacou Sörgel em uma entrevista para a "Spiegel Online". Sua equipe está apenas dando os primeiros passos para fornecer base científica para os atuais levantamentos.

De fato, uma oportunidade para comparar os resultados não está distante: o Centro Europeu de Monitoramento de Drogas (Emcdda) apresentará seu mais recente relatório anual em Bruxelas, na quinta-feira. Mas tais pesquisas têm uma ponto fraco crucial: como a cocaína é uma droga ilegal, os resultados de pesquisas voluntárias geralmente apresentam tendência de ficar abaixo da realidade. Consumidores pesados em particular são difíceis de se alcançar com este método e mostram "uma tendência de atenuação", escreveu o Escritório Federal de Investigação Criminal (BKA) da Alemanha em seu "Relatório Anual da Situação dos Narcóticos de 2004". As autoridades devem portanto esperar "uma atenuação não insignificante dos números reais" em
tais pesquisas.

Quão grande? A resposta pode estar nos rios.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Ex-Nirvana, Krist Novoselic volta aos palcos com banda punk

da Folha Online

O baixista Krist Novoselic, 41, que se tornou mundialmente conhecido ao lado de Kurt Cobain e Dave Grohl com o Nirvana, fará sua primeira turnê com a banda de punk Flipper. Ele irá excursionar pelo Reino Unido e Irlanda em dezembro, após duas apresentações nos Estados Unidos.

Após o Nirvana, Novoselic participou de alguns grupos como o Sweet 75, que não fez sucesso, o No WTO Combo, com o lendário Jello Biafra (Dead Kennedys) e que durou apenas alguns dias, e o Eyes Adrift, com o qual gravou apenas um disco e não chegou a fazer turnê.

Curiosamente, o Flipper fará a excursão em parceria com a banda The Melvins, da qual Cobain chegou a ser roadie. Novoselic tocará com Bruce Loose, Ted Falconi e Steve DePace, que fundaram a banda em 1979. Will Shatter, o baixista original, morreu em 1987 em decorrência de uma overdose de drogas.

Após a morte de Shatter, a banda de San Francisco (Califórnia) permaneceu inativa até 1990. Cinco anos depois, voltou a se dissolver --o retorno só aconteceria dez anos depois.

A turnê começa no dia 1º de dezembro e inclui shows em Seattle e Portland (EUA), Londres, Manchester, Glasgow, Belfast e Dublin. O encerramento será na volta aos Estados Unidos, com uma apresentação em San Fancisco no dia 20.

sábado, novembro 18, 2006

George Martin, o 'quinto beatle', lança disco e se aposenta

Por Mike Collett-White

LONDRES (Reuters) - O lendário produtor George Martin, chamado de "o quinto beatle" por seu trabalho nos discos da banda, atraiu críticas com um ousado novo disco baseado nas músicas do quarteto inglês, mas, aos 80 anos, considera sua missão finalmente cumprida.

"Love", uma parceria de Martin com seu filho Giles, é a trilha sonora de um espetáculo do Cirque du Soleil sobre os Beatles em Las Vegas.

Usando a mais avançada tecnologia, os Martins colocaram "camadas" de músicas superpostas, de modo que "Strawberry Fields Forever" também tem elementos de "Penny Lane" e "Hello, Goodbye", enquanto "Come Together" se combina com "Dear Prudence".

O CD da EMI, com 26 faixas, apresenta só músicas originais dos Beatles, com exceção do arranjo de cordas que George Martin fez para "While My Guitar Gently Weeps".

O primeiro obstáculo para trabalhar com os direitos da banda, o que significa ter o consentimento de Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono (viúva de John Lennon) e Olívia Harrison (viúva de George Harrison). É difícil imaginar que eles dariam a autorização para outro que não fosse Martin.

"Produzimos uma fita de 13 minutos mostrando como achávamos que o show soaria. Nós a tocamos individualmente para Paul e Ringo, Yoko e Olívia, e para nossa surpresa e também gratificação todos adoraram. Eles disseram: 'Fantástico, vá em frente e faça isso"', contou o produtor à Reuters.

Os quatro, segundo ele, apareceram nas sessões de produção nos estúdios Abbey Road, onde os próprios Beatles gravaram.

"Eles estavam intrigados, ansiosos. Foi um processo colaborativo o tempo todo. Eles adoraram o que fizermos. Acho que não decepcionamos."

McCartney disse ter incentivado a dupla de pai e filho a fazerem o disco mais experimental que pudessem ousar.

"Nós os incentivamos a bagunçar o quanto quisessem e mais um pouco", disse McCartney em um vídeo preparado para o lançamento de "Love", na sexta-feira. "Ver as coisas dos Beatles ficarem mais chamativas e mais novas: é como mágica."

Giles disse que ficou mais tranquilo com a companhia do pai. "Pude me esconder atrás dele quando a artilharia começou, e isso deixou o trabalho muito mais fácil, porque do contrário seria uma tarefa impossível vir ao Abbey Road e até mesmo tocar em uma fita dos Beatles", contou ele à Reuters.

Os Martins acreditam que "Love" reforce o legado dos Beatles, que continuam influenciando bandas hoje em dia.

Sobre o Oasis, banda sempre comparada aos Beatles, George disse que "eles se modelam provavelmente demais nos Beatles, são um grupo muito bom, mas de fato não tão bom quanto os Beatles."

Com problemas de audição, George diz que esse é seu último álbum.

"Devo dizer que tive uma carreira bem boa. Comecei com os Beatles em 1962, e eles romperam por volta de 1970, de modo que tivemos um longo período juntos."

"['Love'] é a última coisa que eu devo pensar em fazer, porque em dois meses terei 81 anos, e estou pensando em me aposentar precocemente", brincou.

Ele acha que Lennon teria reclamado de ver sua música como parte de um musical em Las Vegas, mas que no final seria convencido pelo resultado.

"John, com todas as suas intervenções, às vezes era realmente conservador em dar saltos no escuro, especialmente no que dizia respeito ao entretenimento. Ele não era uma pessoa do entretenimento, mas era um grande caráter."

terça-feira, novembro 14, 2006

Laudos mostram que passageiros do vôo 1907 não morreram antes da queda

IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília


As 154 vítimas do acidente do vôo 1907 da Gol morreram ao cair do avião e chocarem-se com o solo a uma velocidade vertiginosa, dizem os laudos finais do Instituto Médico Legal de Brasília. Todos os documentos estabelecem politraumatismo por ação contundente como causa da morte.

Não foi possível, pela demora em achar os despojos, dizer categoricamente se algumas vítimas morreram antes de atingirem o chão. Tudo indica, diz o IML, que perderam a consciência antes do choque pela descompressão com o esfacelamento do avião, mas não houve asfixia por tempo suficiente para levá-los à morte.

Os primeiros legistas chegaram até o avião mais de 48 horas após a queda. Acharam despojos em uma grande área, alguns corpos distantes 100 metros uns dos outros.

Os despojos já estavam em fase avançada de decomposição, agilizada pelo clima. Os restos mortais tinham escurecimento da pele, pela interrupção do fluxo sangüíneo, e o inchaço gasoso, ou enfisematose.

O estrondo da queda e o barulho da atividade de helicópteros nos dias seguintes contribuíram para afugentar grandes animais, evitando que as vítimas fossem mordidas.

O médico-legista Malthus Fonseca Galvão, que chefia o departamento de Antropologia Forense do IML de Brasília, minimizou a impossibilidade de exames mais detalhados sobre a causa final das mortes. "Não temos uma pessoa que caiu com o avião, mas 154 pessoas que caíram e morreram com o impacto com o chão em alta velocidade. A morte não é um momento, mas um processo. A causa final não é importante, foi um acidente aéreo."

Os laudos devem ser usados pelas famílias para pedir o seguro obrigatório. Também são importantes para a investigação criminal da Polícia Federal.

Mais de um mês após a tragédia, ainda não há relatório oficial sobre as causas do acidente. Até ontem, equipes da Aeronáutica continuavam as buscas pela única vítima ainda não localizada, Marcelo Paixão.

O IML informou que apenas as famílias das vítimas teriam acesso aos laudos.

Clássicos do New Order se mantêm atuais no show da banda em SP.

GUGA AZEVEDO
da Redação

Finalmente. Com mais de 25 anos de carreira, os britânicos do New Order fizeram sua primeira apresentação em São Paulo (13) durante a turnê brasileira deste ano, para um público de 6.000 pessoas, segundo a organização. A última vez que o grupo esteve no país foi em 1988.

A maioria dos espectadores presentes era mais nova que o grupo, mas também havia fãs da época em que a banda começou a fazer sucesso. Enquanto a pista pulava e vibrava com cada música tocada, o clima nas laterais e nos fundos do Via Funchal era de comoção. Fãs mais velhos que acompanham o grupo desde o início permaneciam focados no palco e, provavelmente, em suas memórias. Por mais clichê que pareça, o tempo não passou para as músicas do New Order.

A banda fez um apanhado geral da carreira, sem perder o ritmo. Com clássicos do Joy Division ("Ceremony", "Transmission", "She's Lost Control" e "Love Will Tear us Apart"), composições mais obscuras como "Your Silent Way" (1983), que tem como nome de trabalho "KW1" e significa "Kraftewerk 1" --já que suas batidas lembram muito o trabalho do grupo alemão-- e os sucessos mais recentes, como "Crystal", "Who's Joe", "Krafty" e "Waiting for the Sirens' Call".

Com esse repertório, o New Order mantém uma coerência digna de causar inveja a muitos grupos com a mesma idade. E a banda demonstra excelência em misturar e tocar músicas de diferentes épocas, numa demonstração de que, apesar do hiato sem gravar em boa parte dos anos 90, seu trabalho atual continua ligado às origens.

Com uma hora de atraso, o vocalista Bernard Summer subiu sozinho ao palco para iniciar o show. Conversou com os fãs e, quando viu que nenhum outro integrante do grupo estava junto, brincou dizendo "eu não preciso de banda mesmo". Contido, ele se manteve durante toda a apresentação atento aos acordes da guitarra e em alguns momentos apelou para a tela de um teleprompter, onde eram exibidas as letras das músicas. Mesmo com 50 anos ele conserva um ar jovial, mas deixa transparecer a intransigência da idade com reclamações feitas para regulagem do som, durante a execução de algumas músicas.

O baterista Stephen Morris e o tecladista e guitarrista Phil Cunningham conduziram discretamente suas funções na apresentação. Mas a noite foi mesmo do baixista Peter Hook. Ele circulou por todos os cantos do palco, brincou e conversou com os fãs e mostrou o quão "jovem" ele continua. Hook atualmente também se apresenta como DJ e, além de ter vindo para o Motomix em setembro passado, aproveita a passagem do grupo para manter sua atividade paralela. Apresentou-se em uma festa em Brasília e já tem outro set marcado na capital paulista, logo após o show desta terça-feira. Os ingressos para vê-lo chegam a custar R$ 200.

O New Order deixou boa parte dos clássicos para serem executados no final do show. Uma seqüência com "Bizarre Love Triangle", "Temptation", "Perfect Kiss", que foi mixada com "Blue Monday", encerrou a apresentação antes do bis. Minutos depois eles voltaram para tocar dois grandes sucessos do Joy Division, "She's Lost Control" e "Love Will Tear us Apart", que encerrou o show. A cada acorde inicial dessas faixas, a visão do palco era tomada por milhares de braços levantados.

Ingressos
A assessoria da turnê do New Order comunicou na última sexta-feira (10), que os ingressos para as apresentações do grupo em São Paulo já estavam esgotados. Mas quem chegasse ao Via Funchal nesta segunda, por volta das 20h, poderia encontrar nas bilheterias ingressos para a pista ao preço único de R$ 150.

Quando procurada, a organização do evento confirmou que era apenas um pequeno número de ingressos (por volta de cem convites) oferecido pela casa. Segundo a produção, esse fato não se repetirá na apresentação de terça-feira (14).

Por volta das 20h, a fila já era grande no portão de entrada, e alguns fãs encontravam-se em frente ao Via Funchal desde o começo da tarde.

A turnê do New Order pelo país começou em Brasília e passou por Belo Horizonte. Após a etapa paulistana de shows, o grupo fecha a turnê na quinta-feira (16), no Rio de Janeiro.

Veja qual foi o set list do New Order no primeiro show em São Paulo.

1 - "Crystal"
2 - "Turn"
3 - "Regret"
4 - "Ceremony"
5 - "Who's Joe"
6 - "Transmission"
7 - "Krafty"
8 - "Waiting for the Sirens Call"
9 - "KW1" ("Your Silent Face")
10 - "True Faith"
11 - "Bizarre Love Triangle"
12 - "Temptation"
13 - "Perfect Kiss"
14 - "Blue Monday"
15 - "She's Lost Control"
16 - "Love Will Tear us Apart Again"

domingo, novembro 12, 2006

Empreendedores vêem uma Internet 3.0 guiada pelo senso comum


John Markoff
Em San Francisco


A partir dos bilhões de documentos que formam a World Wide Web (rede mundial de computadores) e os links que os ligam, cientistas da computação e um crescente grupo de novas empresas estão encontrando novas formas de mineração de inteligência humana.

A meta deles é adicionar uma camada de significado sobre a Internet existente, o que a tornaria menos um catálogo e mais um guia —até mesmo fornecendo a fundação para sistemas que possam raciocinar de forma humana. Tal nível de inteligência artificial tem escapado aos pesquisadores há mais de meio século.

Tratado como Web 3.0, o esforço está em sua infância e a própria idéia tem gerado céticos, que a consideram uma visão inalcançável. Mas as tecnologias por trás dele estão ganhando adeptos rapidamente, de grandes empresas como IBM e Google a pequenas empresas. Seus projetos freqüentemente se concentram em usos simples, práticos, da produção de recomendações de férias à previsão da próxima canção de sucesso.

Mas no futuro, sistemas mais poderosos poderão agir como consultores pessoais em áreas tão diversas como planejamento financeiro, com um sistema inteligente mapeando um plano de aposentadoria para um casal, por exemplo, ou uma consultoria educacional, com a Internet ajudando um aluno colegial e identificar o curso universitário certo.

Todos projetos que visam criar a Web 3.0 se aproveitam de computadores cada vez mais poderosos que podem rápida e completamente explorar a Internet.

"Eu a chamo de World Wide Database (banco de dados mundial)", disse Nova Spivack, o fundador de uma nova firma cuja tecnologia detecta as relações entre pedaços de informação, em vez de armazenar a informação em si. "Nós passaremos de uma rede de documentos conectados a uma rede de dados conectados."

A Web 2.0, que representa a habilidade de ligar suavemente aplicações (como processamento de texto) e serviços (como compartilhamento de fotos) pela Internet, se tornou nos últimos meses o foco da badalação estilo pontocom no Vale do Silício. Mas o interesse comercial na Web 3.0 —ou a "Web semântica", pela idéia de adicionar significado— apenas agora está despontando.

O exemplo clássico da era Web 2.0 é o "mash-up" (combinação) —por exemplo, a ligação de um site de aluguel de imóveis ao Google Maps para a criação de um serviço novo, mais útil, que mostra automaticamente a localização de cada imóvel para alugar listado.

Por sua vez, o Santo Graal para os desenvolvedores da Web semântica é construir um sistema que possa dar uma resposta completa e razoável a uma pergunta simples como: "Estou à procura de um local quente para passar as férias e disponho de US$ 3 mil. Ah, e tenho um filho de 11 anos".

No sistema atual, tal pergunta poderia levar a horas de pesquisa —por listas de vôos, hotéis, aluguéis de carro— e as opções costumam entrar em conflito umas com as outras. Na Web 3.0, a mesma pesquisa resultaria idealmente em um pacote de férias completo, planejado tão meticulosamente como se tivesse sido preparado por um agente de viagens humano.

Como tais sistemas serão construídos, além de quanto tempo levará para que comecem a fornecer respostas significativas, atualmente é motivo de um debate vigoroso entre pesquisadores acadêmicos e tecnologistas comerciais. Alguns estão concentrados na criação de uma vasta nova estrutura para suplantar a Internet existente; outros estão desenvolvendo ferramentas pragmáticas para extração de significado da Internet existente.

Mas todos concordam que se tais sistemas surgirem, eles se tornarão instantaneamente mais valiosos comercialmente do que as ferramentas de busca atuais, que retornam milhares ou mesmo milhões de documentos, mas costumam não responder às perguntas diretamente.

Ressaltando o potencial de mineração de conhecimento humano há um exemplo extraordinariamente lucrativo: a tecnologia básica que tornou o Google possível, conhecida como "Page Rank" (posicionamento ou ranking de página), explora sistematicamente o conhecimento e decisões humanas sobre o que é relevante para ordenar os resultados de busca. (Ele interpreta um link de uma página a outro como um "voto", mas votos dados por páginas consideradas populares têm peso maior.)

Os pesquisadores estão no momento tentando ir além. A empresa de Spivack, a Radar Networks, por exemplo, é uma entre várias que trabalham na exploração do conteúdo de sites de computação social, que permitem aos usuários colaborarem na reunião e adição de seus pensamentos a uma grande quantidade de conteúdo, de viagem a filmes.

A tecnologia da Radar é baseada em um sistema de banco de dados de nova geração que armazena associações, como o relacionamento de uma pessoa com outra (colega, amigo, irmão) em vez de itens específicos como texto ou números.

Um exemplo que indica o potencial de tais sistemas é o KnowItAll, um projeto de um grupo de membros do corpo docente e estudantes da Universidade de Washington que é financiado pela Google. Um sistema amostra criado usando a tecnologia é o Opine, que busca extrair e agregar informação postada por usuário em sites de produtos e críticas.

Um projeto de demonstração "entende" conceitos como temperatura do quarto, conforto da cama e preço do hotel, e pode distinguir entre conceitos como "ótimo", "bom" e "mais ou menos" para fornecer respostas diretas úteis a perguntas sobre hotéis. Enquanto os atuais sites de recomendações de viagem forçam as pessoas a percorrerem longas listas de comentários e observações deixadas por outros, o sistema Web 3.0 pesa e classifica todos os comentários e encontra, por dedução cognitiva, o hotel certo para um usuário em particular.

"O sistema saberá que imaculado é melhor que limpo", disse Oren Etzioni, um pesquisador de inteligência artificial da Universidade de Washington que é um líder do projeto. "Há um crescente entendimento de que o texto na Internet é um recurso tremendo."

Pesquisadores e empreendedores dizem que apesar de ser improvável que haja sistemas completos de inteligência artificial tão cedo, se é que algum dia existirão, a Internet atualmente está produzindo uma cascata crescente de sistemas baseados em inteligência útil a partir de esforços comerciais para estruturar e explorar a Internet. Áreas específicas como sites de viagens e críticas de restaurantes e produtos são candidatas óbvias para construção de tais sistemas, que prenunciariam a chegada da Web 3.0.

"É um assunto quente e as pessoas ainda não perceberam esta coisa espantosa do quanto dependem de I.A.", disse W. Daniel Hillis, um pesquisador veterano de inteligência artificial que fundou aqui a Metaweb Technologies no ano passado. Ele se referia aos milhares de atuais exemplos de inteligência limitada, de câmeras de Internet inteligentes para proteção contra intrusos a programas de e-mail baseados em Internet que reconhecem datas e locais.

Como a Radar Networks, a Metaweb ainda não está descrevendo publicamente qual será seu serviço ou produto, apesar do site da empresa declarar que a Metaweb visa "construir uma melhor infra-estrutura para a Internet".

"Está bem claro que o conhecimento humano está lá fora e mais exposto a máquinas do que nunca", disse Hillis.

Agências de inteligência
Tanto a Radar Networks quanto a Metaweb têm em parte suas raízes em tecnologia desenvolvida originalmente para agências de inteligência e para as forças armadas. A pesquisa inicial financiada pela Agência de Segurança Nacional, CIA e Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa pré-data o apelo pioneiro por uma Internet semântica feito em 1999 por Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web uma década antes.

As agências de inteligência foram as apoiadoras iniciais do uso de técnicas de inteligência artificial para peneirar gigabytes de informação digital, uma idéia que agora está ganhando força na futura era Web 3.0. Isto levou diretamente nos anos 90 ao surgimento de um setor pequeno mas próspero de "análise de texto", que visava ajudar grandes corporações a extraírem informações de bancos de dados.

Também ajudou a subscrever o trabalho de Doug Lenat, um cientista da computação cuja empresa, a Cycorp de Austin, Texas, vende sistemas e serviços para o governo e grandes empresas. No último quarto de século, Lenat tem trabalhado em um sistema de inteligência artificial chamado Cyc, que ele alega que algum dia será capaz de responder perguntas feitas em linguagem escrita ou falada —e raciocinar.

O Cyc foi construído originalmente com a entrada de milhões de fatos de senso comum que o sistema de computação "aprenderia". Mas em uma palestra dada na Google no início deste ano, Lenat disse que o Cyc agora está aprendendo a garimpar na Internet —um processo que faz parte da forma como a Web 3.0 está sendo construída.

"Atualmente, grande parte do que fazemos em nossa empresa não se trata de 'monges em claustros' escrevendo em manuscritos iluminados para adicionar a trilhonésima sétima peça de informação", ele disse, "mas sim extraindo informação automaticamente da Internet e, em muitos casos, a extraindo a partir da linguagem natural da Internet".

Durante sua palestra, ele deixou implícito que o Cyc atualmente é capaz de responder uma pergunta sofisticada em linguagem natural: "Que cidade americana seria a mais vulnerável a um ataque de antraz durante o verão?"

Separadamente, pesquisadores da IBM disseram que agora estão usando rotineiramente uma foto instantânea digital dos 6 bilhões de documentos que compõem a World Wide Web não pornográfica para realizar pesquisa de busca e responder outras perguntas para clientes corporativos, que tentam resolver problemas tão diversos quanto pesquisa de mercado e desenvolvimento de marcas corporativas.

Daniel Gruhl, um cientista do Centro de Pesquisa Almaden da IBM, em San Jose, Califórnia, disse que o sistema de mineração de dados, conhecido como Web Fountain, está sendo usado para determinar a atitude dos jovens em relação à morte para uma seguradora e contribuiu para a escolha entre os termos "utility computing" (computação utilitária) e "grid computing" (computação em grade), em um esforço de desenvolvimento de marca da IBM.

"Foi revelado que apenas geeks gostavam do termo 'grid computing'", ele disse.

A IBM tem usado o sistema para realizar pesquisa de mercado para redes de televisão sobre a popularidade de programas, minerando uma comunidade popular de sites, ele disse. Adicionalmente, minerando a "badalação" em sites de música universitários, os pesquisadores conseguiram prever canções que seriam sucesso nas paradas com duas semanas de antecedência —uma capacidade mais impressionante do que as atuais previsões de pesquisa de mercado.

Entre os pesquisadores que estão desenvolvendo sistemas inteligentes, há um longo debate sobre se sistemas como o Cyc produzirão frutos, como a criação de novos sistemas e bancos de dados que possam semear e manipular —uma abordagem defendida por Berners-Lee.

Mas uma nova geração de pesquisadores e empreendedores concluiu que, em vez disso, tal inteligência surgirá de forma mais orgânica a partir de tecnologias que extrairão sistematicamente significado da Internet existente.

Seus esforços são conduzidos por uma explosão de padrões compartilhados —como blocos Lego que são publicamente descritos de forma que todos possam conectar— projetados para simplificar e automatizar a troca de informação. Alguns descrevem como a informação deve ser organizada e trocada; outros definem como criar perguntas que capturem o significado tanto quanto a obtenção de trechos específicos de texto.

Os primeiros exemplos são serviços como del.icio.us e Flickr, os sistemas de compartilhamento de bookmarks (sites favoritos) e fotos adquiridos pelo Yahoo, e Digg, um serviço de notícias que emprega a agregação de opiniões de leitores para encontrar artigos de interesse.

No Flickr, por exemplo, os usuários "rotulam" fotos, facilitando a identificação de imagens de formas que escapavam aos cientistas no passado.

"Com o Flickr, você pode encontrar imagens que um computador nunca conseguiria", disse Prabhakar Raghavan, chefe de pesquisa da Yahoo. "Algo que nos desafiou por 50 anos repentinamente se tornou trivial. Não teria se tornado trivial sem a World Wide Web."

Tradução: George El Khouri Andolfato

Sou feia, mas tô na moda

Com DJs gringos e brasileiros, bandas e festas sem fim, a noite de SP se consolida como uma das mais quentes do mundo

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL


Conviver com engarrafamentos permanentes, poluição, o Tietê, o Minhocão, a proliferação dos "botecos cariocas"... Tem de haver uma compensação. E há: ela vem com a incrível movimentação da noite de São Paulo em torno de clubes e festas. As belas que me desculpem, mas vida noturna é fundamental. E necessária.
Se, durante o dia, a paisagem nem sempre entusiasma, à noite a cidade oferece vários motivos para sair de casa.
Associada a um sólido circuito já existente, a inauguração de novas casas faz da capital paulista um dos centros de música eletrônica e de rock do mundo -mesmo com todas as blitze e interdições promovidas pela prefeitura.
Nesta semana, por exemplo, a cidade ganhou mais um espaço, com a inauguração do multinacional Pacha. Em uma imensa estrutura na Vila Leopoldina, na zona oeste, a franquia recebeu o DJ top Erick Morillo. O investimento de R$ 6 milhões gerou um clube, por ora, para 2.000 pessoas. A partir de março, um novo ambiente elevará a capacidade para 7.000 freqüentadores.
"A noite de São Paulo é tão profissional e variada quanto a de qualquer centro do mundo", diz um dos cinco sócios da Pacha, Eduardo Vitale. "É um mercado que ainda suporta o surgimento de um superclube."
E vem mais por aí. Em janeiro, o núcleo de tecno Circuito abre na Barra Funda o Clash, clube que poderá atrair até 1.500 pessoas com uma programação de house, tecno e rock.
No mês seguinte, no meio dos bares da Vila Madalena, aparecerá o Spkz. "Será um local de médio porte, com áreas abertas e promessa de boa cozinha. Queremos um clube que não se restrinja à pista", justifica o empresário André Luiz Nestler, proprietário do Spkz.
Se até há pouco tempo o cenário de casas noturnas da cidade era volúvel, com clubes abrindo num dia e fechando no outro, hoje o mercado é mais consolidado, constante. A Lôca, templo underground, está aí há 11 anos; o Lov.e, há oito; o Manga Rosa, há sete.

Gringos

Para ganhar o público, investe-se em nomes internacionais. Toda semana DJs gringos aparecem na cidade. Apenas neste fim de semana, o D-Edge -quarto melhor clube do mundo, segundo a revista britânica "Mixmag"- trouxe a francesa Jennifer Cardini e o inglês Bryan Gee; no anterior, recebeu o alemão Tobi Neuman; e em 5 de dezembro promove o retorno do festejado Richie Hawtin.
Em um espaço de dez dias, São Paulo terá Hawtin; Chris Liebing (3/12, em festa da Circuito); festa do Vegas com Mike Relm, Ecletic Method, Tim Sweeney e MSTRKRFT (15/ 12); além de Joakin, DJ francês de electro, no Glória (9/12).
Outro ponto importante do charme noturno de São Paulo, além da enorme oferta de tudo para todas as tribos: a noite não tem fim. Com after hours e festas que varam o dia, dá para passar o fim de semana dançando. "O mais curioso da noite de São Paulo é que as festas têm hora para começar, mas nunca para acabar", brinca o DJ britânico Dave Angel, que já tocou no Manga Rosa, Lov.e e no Base. "Não sei de onde essas pessoas tiram tanta energia."
A carioca Kamilla, recém-chegada de turnê que passou por França, Alemanha, Espanha e China, aponta outra característica: "O público é exigente. São pessoas que saem há tempos, conhecem música e esperam muito dos DJs. Não existe no mundo cidade com uma cena eletrônica tão movimentada quanto São Paulo".
O circuito eletrônico se apóia nas grifes internacionais, mas não só -às quintas-feiras, Lov.e, D-Edge, Vegas, Glória e Manga Rosa atraem público como se fosse sábado.
Já os clubes roqueiros não recebem tantos nomes estrelados, mas ganham combustível -e público- com shows de bandas indies nacionais. A estrutura (de som, luz, banheiros que lembram "Trainspotting") ainda é um pouco capenga, mas é possível assistir a um sem número de apresentações decentes em locais como CB Bar, Outs, Funhouse, Studio SP, Berlin e Milo Garage.
São Paulo é feia, mas...

sexta-feira, novembro 10, 2006

I Buy The Drugs

Electric Six

And i don't mind your rabid doggy
And i don't mind it when it bites
Cos the days and nights and the nights are longer
We're watching days turn into nights

Yeah!
I buy the drugs
I light the fire
I am your main supplier
I am your man and i buy the drugs

I can be the jump start for the car parked in your mind
Cos' you left the lights on all night long
We can drive for miles and miles and miles and miles and miles and miles and miles away

Have you ever smelt the clothes her sexy clothes?
Have you ever got to know her
Like i do?
Have you ever reversed roles?
Gave up control?
Stayed home and let your woman
Support you?
Yeah!

Yeah!
I buy the drugs
I light the fire
I am your main supplier
I am your man and i buy the drugs

I can be the jump start for the car parked in your mind
Cos' you left the lights on all night long
We can drive for miles and miles and miles and miles and miles and miles and miles away

If you ever find yourself in need
You can submit your request in writing
And this is what you do

Send in a self addressed stamped envelope
To po box 900
Los angeles
California
90212
And i will fill your perscription with some degree of accuracy
And then i'll send it back to you
And then i'll send it back to you
And then i'll send it back to you
Yeah!

I - i - i buy the drugs
I - i - i buy the drugs
I - i - i buy the drugs
I - i - i buy the drugs

MORRE COMPOSITOR FRANCÊS PAUL MAURIAT

Um primo do compositor e arranjador francês Paul Mauriat, 81, anunciou ontem que ele morreu há sete dias, no sul da França. Intérprete do hit "Love Is Blue", nos anos 60, o músico era conhecido como entusiasta e divulgador da música brasileira. Admirador da cantora Alcione, chegou a assinar canções para ela. Também gravaram composições dele nomes como Petula Clark e Mireille Mathieu.

Dezoito anos depois, New Order volta a se apresentar no Brasil

ADRIANA KÜCHLER
do Guia da Folha

A próxima segunda (dia 13) será azul em São Paulo. E a terça também. Com megahits, como "Blue Monday", "Bizarre Love Triangle" e "Regret", a banda inglesa New Order traz um dos shows mais esperados do ano (ou dos últimos 18 anos) ao Via Funchal.

A razão de tanta procura é mais do que justificada. A seminal banda de Manchester --surgida do cultuado grupo Joy Division após o suicídio do líder e vocalista Ian Curtis, em 1980-- ajudou a moldar a música eletrônica nos anos 80 e é influência tanto para a eletrônica quanto para o rock até hoje.

Aos 25 anos, o grupo, formado por Bernard Sumner (vocal e guitarra), Peter Hook (baixo), Stephen Morris (bateria) e Phil Cunningham (teclado e guitarra), faz sua segunda visita ao país depois de muito tempo (a primeira foi em 1988). Os tiozinhos podem não ter o mesmo pique de quase 20 anos atrás. Pouco importa. Se tocarem a seqüência de hits tão esperada pelos fãs, vai ficar tudo azul.

Abbey Road, estúdio eternizado pelos Beatles, faz 75 anos

da Ansa, em Londres

Para todos os fãs de música, o nome é sinônimo dos Beatles, já que lá eles gravaram um álbum homônimo e, entre uma jam session e outra, desfizeram a banda entre 1969 e 1970. Mas os estúdios de gravação da Abbey Road, que abriram em 1931 e comemoram daqui a alguns dias o aniversário de 75 anos, tiveram um papel bem maior na história da música britânica e mundial.

Os estúdios ocupam a mesma casa no número 3 da rua de mesmo nome, no bairro residencial de St. John's Wood, noroeste de Londres. E ainda hoje são a meta de muitos músicos no topo das paradas do mundo. Do lado de fora, na célebre calçada imortalizada pela capa do álbum dos Beatles, centenas de turistas tiram fotos todos os dias.

Inaugurados com Sir Edward Elgar, que gravou "Land of Hope and Glory" em 12 de novembro de 1931, os Abbey Road Studios fizeram parte da história da música graças à excelente acústica e à alta tecnologia que sempre foi usada no local. Foi lá que, em 16 de setembro de 1944, Glenn Miller fez sua última gravação, pouco antes do desaparecimento de seu avião num vôo sobre o canal da Mancha (as faixas permaneceram inéditas por 50 anos, até o vencimento dos direitos autorais de Gershwin).

Nos anos 50, os estúdios abrigaram gravações musicais e também programas de rádio, com as vozes de Peter Sellers e Peter Ustinov. Foi gravado em Abbey Road o primeiro single do rock and roll, "Move It" de Cliff Richards, lançado em 1958. Também em Abbey Road, numa noite de 1962, George Martin, então chefe do selo Parlophone, encontrou o quarteto de Liverpool, que considerou "terríveis", antes de transformá-los nos músicos mais famosos de todos os tempos.

Bandas

Os próprios Beatles escreveram em Abbey Road o último ato da saga, gravando entre brigas e muita tensão "I Me Mine" em 3 de janeiro de 1970. Mas não são apenas os fãs dos Beatles que têm memórias ligadas a Abbey Road.

Foi lá que a banda Pink Floyd reinventou sua carreira e gravou "The Dark Side of the Moon", destinado a se tornar um dos álbuns mais vendidos da história do rock, junto com "Wish You Were Here". Passaram por Abbey Road também, entre os anos 60 e 80, artistas como Simple Minds, Spandau Ballet, Boney M, Mike Oakfield, Kate Bush e Sting.

Nos anos 90, os estúdios abrigaram uma nova geração do pop britânico, graças à possibilidade de gravar ao vivo no estúdio --de Radiohead a Blur e de Travis a Texas. As Spice Girls gravaram "Spice World" lá e, como lembra o jornal Independent, "por algumas semanas, com a massa de fãs esperando do lado de fora, era como voltar aos anos 60".

Aos 75 anos, Abbey Road goza de excelente saúde. Não é só o destino de peregrinações nostálgicas. Está para começar uma série de concertos organizados pela TV inglesa Channel 4, que será chamada "Live from Abbey Road". George Martin se prepara para lançar nos estúdios o álbum "Love", com remixes experimentais de canções dos Beatles, feitos a partir das faixas originais gravadas nos estúdios.

Underworld faz dance "improvisada" no Brasil

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

A ausência de estrofes e refrãos, canções em que a dinâmica das batidas é mais relevante do que melodia e acordes, artistas sem uma imagem, um rosto para vender. A dance music entortou alguns padrões estabelecidos pelo pop, e um dos mais conflitantes, ainda hoje, é o caráter "ao vivo" das apresentações. A dupla inglesa Underworld vem ao país atiçar mais um pouco essa discussão.

Após Daft Punk, Kraftwerk, Prodigy, Chemical Brothers, o Underworld é o último dos grandes da eletrônica a chegar às pistas brasileiras. O duo toca, na próxima quarta, num campo de pólo em Indaiatuba (80 km de São Paulo), em festa promovida pelo Sirena, e, no dia 18, no festival Creamfields, no Rio.

Apresentação de dance music normalmente conta apenas com dois ou três nerds atrás de laptops ou equipamentos eletrônicos. Como a música é sincronizada com efeitos de luz e imagens, há pouco espaço para improvisações. Não é o caso do Underworld, afirma à Folha o vocalista e músico Karl Hyde.

"O show é todo improvisado: as músicas, as projeções, as luzes. Não temos set list nem costumamos ensaiar. Tudo é manipulado na hora e produzimos a performance de acordo com a resposta do público."

No palco, o Underworld (Hyde e o produtor Rick Smith) é acompanhado pelo DJ Darren Price. O show chega a durar até três horas, mas, em São Paulo, o duo tocará por duas horas (das 20h às 22h).

Com quatro discos de estúdio, além de coletâneas, o Underworld ficou conhecido no planeta pela faixa "Born Slippy", música-tema do filme "Trainspotting" (96). A canção, entoada até em arquibancadas de futebol, transformou-se num hino hedonista, celebração de uma juventude niilista.

"Essa música é, na verdade, como um grito de socorro", diz Hyde, que a compôs numa época em que passava por problemas com o álcool. "Não acho que seja hedonista, pelo menos não era a intenção."

E foi "Born Slippy" que levantou "Trainspotting" ou foi "Trainspotting" que levantou "Born Slippy"? "Funcionam juntos. Não dá para escolher um sem pensar no outro. Além disso, a partir dali começamos a colaborar com Danny [Boyle, cineasta]. Já fizemos cinco filmes com ele e acabamos de fazer mais um, "Sunshine", que será lançado no ano que vem."

O Underworld tem apelo variado, vide faixas como "Two Months Off", "Jumbo" e "Rez". "Somos ecléticos, ouvimos reggae, erudito, trilhas sonoras, música indígena... Nossas canções não são puramente eletrônicas ou puramente dance music. Em todos os álbuns há faixas para a pista e para serem ouvidas em outros lugares."

quinta-feira, novembro 09, 2006

Ajuste contábil "reduz" lucro do Unibanco para R$ 106,1 mi no 3º trimestre

O Unibanco teve lucro líquido de R$ 106,1 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 77,6% sobre igual período do ano passado, quando obteve um resultado de R$ 474,8 milhões.

No acumulado de janeiro a setembro, o banco lucrou R$ 1,174 bilhão, contra R$ 1,329 bilhão no mesmo período de 2005.

Assim como ocorreu com o Itaú e o Bradesco, o resultado do Unibanco no terceiro trimestre foi influenciado pela amortização de ágios referentes a aquisições, que causou um efeito negativo extraordinário de R$ 464 milhões no seu balanço.

Desconsiderando esse efeito extraordinário, o lucro do Unibanco soma R$ 566 no terceiro trimestre e R$ 1,634 bilhão no acumulado dos primeiros nove meses do ano.

O ágio é a diferença a mais na compra de um título, ação, bem ou moeda, entre o valor nominal (oficial) e o valor pago pelo comprador. Esse ágio pode ser contabilizado como uma despesa no balanço financeiro da empresa que fez a aquisição, o que reduz o seu lucro tributável.

Pela legislação brasileira, nas transações entre empresas privadas, o ágio pago em uma aquisição pode ser amortizado (abatido) do lucro tributável em parcelas mensais no prazo de cinco a dez anos.

Destaques

Os ativos totais do Unibanco atingiram R$ 101,99 bilhões no final de setembro, um aumento de 15,1% sobre mesmo período do ano passado.

A carteira de crédito da instituição apontou expansão de 17,5% nos últimos 12 meses e de 3,3% em relação a junho último, com destaque para as operações de financiamento ao consumo, que cresceram 18,1% desde setembro do ano passado.

Outros bancos

O Bradesco lucrou R$ 219 milhões no terceiro trimestre deste ano, 84,7% menos do que em igual período de 2005 (R$ 1,430 bilhão). O lucro ajustado --sem o efeito da amortização-- foi de R$ 1,611 bilhão no período.

Já o Itaú, por conta da amortização da compra do BankBoston, teve queda de 95% no seu lucro em relação ao terceiro trimestre do ano passado, para R$ 71 milhões. Desconsiderando esse impacto, o lucro líquido da instituição soma R$ 1,835 bilhão

O Santander Banespa lucrou R$ 417 milhões no terceiro trimestre deste ano, um pouco menos que os R$ 425 milhões do mesmo período do ano passado.

O Banco do Brasil anuncia resultados no dia 13 de novembro.

Jornal inglês explica porque Cansei de Ser Sexy vai bombar

da BBC, em Londres

Um artigo publicado nesta quinta-feira no jornal britânico Daily Telegraph listando "10 motivos que podem levar o Cansei de Ser Sexy a se tornar um dos grupos mais quentes do cenário independente mundial" começa a preparar o terreno para a chegada do grupo a Londres na próxima semana.

O banda paulista iniciou na terça-feira uma turnê britânica de duas semanas, e se apresenta em Londres no Scala, no dia 14.

Entre os "10 motivos" apresentados pelo jornal estão o nome ("um dos melhores de todos os tempos"), o "misto de agressividade e vulnerabilidade da vocalista Luísa Matsuita", a originalidade da música ("uma lufada de vento fresco"), o sotaque brasileiro, a sensualidade e a energia nos shows ("que não foi capturada no álbum de estréia").

O artigo afirma ainda que, ao contrário da maioria das bandas do movimento "emo" e das compositoras mulheres que tendem a "reclamar sem parar", a banda "celebra a vida, sem choramingar".

"Quando a maioria das bandas e artistas sobem ao palco, o que eles estão realmente projetando é 'por favor, me ame, sou realmente adorável e cool'".

"Mas como todos os melhores artistas, o CSS dá a impressão de que não está nem aí para o que você pensa deles", diz o Telegraph.

Irlanda

Na quarta-feira, o Irish Independent, da Irlanda, havia dito que a transferência do local do show da banda para acomodar a demanda de público ajudava a provar que o CSS “segue o Arctic Monkeys e Lily Allen como os fenômenos de 2006”.

O show do grupo "em plena segunda-feira" foi considerado extremamente divertido "desde o primeiro momento".

"Em uma época em que tantas bandas se levam tão a sério, é ótimo ver uma banda sorrir no palco e colocar tanto esforço e energia em sua apresentação."

"É também muito bom ver cinco garotas se divertindo em um gênero como a disco independente, dominado por homens.!"

"Duvido que vamos nos cansar dessa gente sendo sexy."

terça-feira, novembro 07, 2006

Entrevista: produtor Jack Wall fala sobre Video Games Live no Brasil

por Théo Azevedo

Divulgação

Nos dias 12 e 19, Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, recebem o Video Games Live, um concerto que faz uma homenagem à trilha sonora dos games, indo dos clássicos às criações mais modernas.

O show foi idealizado por Tommy Tallarico e Jack Wall, veteranos da indústria do entretenimento eletrônico e, após visitar os Estados Unidos e o Canadá, escolheu o Brasil para dar início a sua turnê mundial, que deve passar ainda por Austrália e Japão.

É a chance dos brasileiros ouvirem um repertório que, acompanhados de luzes e performances, inclui músicas de "Mario", "Zelda", "Halo", "Metal Gear Solid", "Warrcraft", "Myst", "Castlevania", "Medal of Honor", "Sonic", "Kingdom Hearts", "Tron", "Final Fantasy", "Advent Rising", "Beyond Good & Evil" e "God of War", com um espaço retrô reservado a "Pong", "Donkey Kong", "Dragon's Lair", "Tetris", "Frogger", "Gauntlet", "Space Invaders" e "Outrun".

Com duas horas de duração, o concerto inclui ainda projeção de imagens em um telão de 300 polegadas sincronizadas com performances de cosplayers.

O UOL Jogos entrevistou Jack Wall, maestro do Video Games Live, e produtor de mais de trinta trilhas de games, incluindo "Myst", "Splinter Cell" e "Jade Empire".

UOL Jogos - O Brasil é o primeiro país em 2006, exceto Estados Unidos e Canadá, a receber o Video Games Live. Há algo especial entre o país e a música dos games?

Jack Wall -
É exatamente como eu vejo. Recebemos mais e-mails do Brasil que de qualquer outro país!! O que eu mais quero no Brasil, onde nunca estive, é conhecer as pessoas, a cultura e conferir a reação dos fãs. Seria sensacional comparar tal experiência com as que vimos nos Estados Unidos e Canadá.

UOL Jogos - Há algo sendo preparado especialmente para as apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro?

Jack Wall -
Trabalhamos com o editor da revista EGM [Fabio Santana] em um "set list" especial para o Brasil. Nosso repertório já é forte, mas nós incluímos algumas canções que não tocávamos há bastante tempo, simplesmente porque soubemos o quanto são populares no Brasil. Por exemplo, nós vamos tocar os temas de "Tomb Raider" e "Liberi Fatali", uma canção muito popular de "Final Fantasy" e que ainda não tocamos em lugar algum. A primeira vez será no Brasil.

UOL Jogos - Fale um pouco como funciona a montagem de uma apresentação da Video Games Live.

Jack Wall -
O mais interessante é que não importa aonde vamos, sempre usamos músicos locais. Como organizador e diretor musical do show, é muito divertido trabalhar com diferentes grupos. Nos Estados Unidos, fizemos de tudo para contratar músicos de várias cidades, como Philadelphia e Chicago, para trabalhar de mãos dadas com orquestras bastante prestigiadas, como a LA Philharmonic, a Hollywood Bowl Orchestra, a Houston Symphony e a Indianapolis Symphony Orchestra. Nós planejamos repetir a dose no próximo ano, agora que as organizações sinfônicas conhecem mais sobre o Video Games Live.

O Brasil marca algumas estréias para nós. No Rio de Janeiro, contratamos a Orquestra Petrobras Sinfônica. Imagine uma companhia de petróleo patrocinando a cultura! É algo que você nunca veria nos Estados Unidos! Soubemos muitas coisas boas sobre a orquestra e estamos ansiosos para trabalhar com ela.

Em São Paulo, vamos trabalhar com a Orquestra Sinfônica de Campinas-Unicamp. A idade dos músicos gira entre 14 e 20 anos. Soube que eles estão muito animados em participar do Video Games Live. Nós os escolhemos justamente por essa vontade, de tocar músicas que eles amam e que cresceram ouvindo. Vai ser muito divertido trabalhar com músicos jovens neste show. Eles estão ensaiando as músicas já há algum tempo e eu vou ter diversos ensaios com eles para aprimorar cada performance.

UOL Jogos - Como foi a escolha do repertório para o Video Games Live?

Jack Wall -
Tommy [Tallarico] e eu selecionamos o repertório baseado na popularidade dos títulos - queríamos que o interesse abrangesse todos os perfis possíveis. Então, escolhemos os jogos que mais pessoas poderiam conhecer e gostar. Em segundo lugar, asseguramos que todas as músicas do repertório, independentemente do game ser popular ou não, fossem da maior qualidade. Grandes e memoráveis temas com brilhante orquestração. Por último, incluímos alguns títulos que as pessoas podem não conhecer, mas que sintam como se fosse um tesouro enterrado que estamos trazendo à superfície. Nós achamos que é importante, artisticamente falando, ter canções que podem não ter se transformando em sucesso comercial, mas que são sucessos de crítica.

UOL Jogos - Você acha que um concerto como o Video Games Live é só para os fanáticos por games ou também para quem simplesmente aprecia a boa música?

Jack Wall -
Gostamos de pensar que o concerto é para todos. É como nós planejamos nosso show: para aqueles que conhecem o jogo dos pés à cabeça, mas também para os pais e amantes da música que vêm para conferir, afinal, qual é a discussão por trás dos videogames.

UOL Jogos - Tommy Tallarico gosta de subir ao palco para apresentar o show. No Brasil, será assim também?

Jack Wall -
Sem dúvidas! Meu parceiro Tommy Tallarico é mesmo o grande "mestre de cerimônias" do show. Teremos um tradutor para que o Tommy consiga falar ao público e isso será muito divertido. Normalmente, eu falo algumas vezes também, então vamos ver. Queremos apenas que o concerto mantenha o ritmo e não fique devagar por causa da tradução.

UOL Jogos - Atualmente, você acha que o som tem recebido a devida atenção no desenvolvimento de games?

Jack Wall -
Na verdade, penso que a maioria dos produtores sabe que tudo é essencial para criar games bons, populares e que vendam bem. Eles não gostam de deixar nada de lado. Então, a música e o som estão se tornando mais importantes juntos com os outros aspectos. Eu gosto de pensar que o Video Games Live é uma "vitrine" para todos os grandes jogos. Quem não conhece games tão bem costuma ficar bastante surpreso com o nível de qualidade que vê no show.

Estou trabalhando em dois grandes projetos - um é "Mass Effect" e o outro é "Army of Two". Posso dizer que a música é muito importante para os produtores desses games.

UOL Jogos - O que faz a trilha sonora de um game ser inesquecível?

Jack Wall -
Eu acho que, em sua maioria, é a popularidade misturada à qualidade e o quão memoráveis são estes temas, feitos para momentos importantes do jogo. Se as pessoas gostam da música, elas começam a perguntar por ela fora do game. É quando você fica sabendo se realizou com sucesso o seu trabalho como compositor.

UOL Jogos - O que você espera da nova geração de consoles?

Jack Wall -
Períodos de desenvolvimento mais longos [risos]!! Na verdade, quero mesmo é jogar vários desses games. Acho que os novos consoles vão tornar os games mais acessíveis às pessoas que não costumam jogar muito. Elas verão gráficos sensacionais e vão querer um console e talvez experimentar os games. Eu vejo a indústria se expandindo para audiências muito maiores. Isso é muito bom para o mercado e, certamente, para o futuro do Video Games Live.

UOL Jogos - Você conhece a música brasileira? Se sim, do que mais gosta?

Jack Wall -
Sim!!! Estou morrendo de vontade de sentar em um barzinho para escutar boa música brasileira. Anos atrás, eu trabalhava em um restaurante na Philadelphia, onde cresci, e havia música do Brasil nas noites de sexta e sábado. A banda era ótima e o ambiente melhor ainda. Muito ritmo e som maravilhoso.

Eu acho que [Tom] Jobim é algo de que eu me lembro ter tocado muito - é claro que "Garota de Ipanema", um clássico dos anos 60. Pode soar batido para muitos, mas a canção pintava um grande quadro, fazendo desejar ir ao Brasil. Imagine... uma música que faz você querer viajar. Isso é poderoso!

Madredeus inicia shows de despedida antes de ano sabático


Madrid, 06 Nov (Lusa) - O grupo Madredeus, um dos mais populares da música portuguesa contemporânea, começa nesta terça-feira, com um show em Madrid, sua última agenda de espetáculos antes do ano sabático que os integrantes vão tirar para descansar e estudar novos projetos.

"Há sete anos que os Madredeus, como todos os grupos, vive dependente das bilheteiras dos seus concertos", disse nesta segunda-feira aos jornalistas Pedro Ayres Magalhães, um dos fundadores do grupo formado há 21 anos em Lisboa.

"Queremos pensar em outra forma de viver como grupo que não nos obrigue ao esforço físico de termos de nos deslocar, cada ano, a setenta cidades", disse Magalhães, em Madrid, em uma coletiva de imprensa.

O grupo inicia o descanso de um ano depois do show de 7 de dezembro em Tóquio, uma das cidades onde o Madredeus é mais bem acolhido.

Segundo Magalhães, o ano sabático permitirá, entre outros aspectos, estudar a sua resposta "à profunda remodelação" que vive atualmente "o sistema de edição de música contemporânea".

Outro objetivo do grupo, segundo o fundador, é refletir sobre como divulgar melhor a sua música, como "dar mais valor aos shows" e encontrar a forma de defender os direitos de autor", além de que deverá ser um tempo de "repouso necessário" depois de sete anos intensos de shows.

"É a terceira vez que descansamos. Fizemos isso durante nove meses em 1996 e três anos depois devido ao parto da Teresa Salgueiro", disse Magalhães, não descartando que os membros do grupo possam, no próximo ano, realizar projetos individuais.

O show do Madredeus no Teatro Albeniz de Madrid encerra a 4ª Mostra Portuguesa, que desde 24 de outubro tem levado vários projetos culturais portugueses a inúmeras cidades espanholas.

O espetáculo escolhido será "Um amor infinito", que o Madredeus leva aos palcos desde 2004 e que, para Magalhães, é "uma metáfora da vida musical do grupo".

"É um reconhecimento ao público que nos permitiu viajar com a nossa música e, ao mesmo tempo, uma mostra da versatilidade do nosso grupo", concluiu o integrante da banda.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Projeto quer controlar acesso à internet

ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo no Rio


A Comissão de Constituição e Justiça do Senado votará, na próxima quarta-feira, um projeto de lei que obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails, conversas em salas de bate-papo, criação de blogs, captura de dados (como baixar músicas, filmes, imagens), entre outros.

O acesso sem identificação prévia seria punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores ficariam responsáveis pela veracidade dos dados cadastrais dos usuários e seriam sujeitos à mesma pena (reclusão de dois a quatro anos) se permitissem o acesso de usuários não-cadastrados. O texto é defendido pelos bancos e criticado por ONGs (Organizações Não-Governamentais), por provedores de acesso à internet e por advogados.

Os usuários teriam de fornecer nome, endereço, número de telefone, da carteira de identidade e do CPF às companhias provedoras de acesso à internet, às quais caberia a tarefa de confirmar a veracidade das informações.

O acesso só seria liberado após o provedor confirmar a identidade do usuário. Para isso, precisaria de cópias dos documentos dos internautas.

Críticas


Os provedores de acesso à internet argumentam que o projeto vai burocratizar o uso da rede e que já é possível identificar os autores de cibercrimes, a partir do registro do IP (protocolo internet) utilizado pelos usuários quando fazem uma conexão. O número IP é uma espécie de digital deixada pelos internautas. A partir dele, chega-se ao computador e, por conseguinte, pode-se chegar a um criminoso.

Maiores alvos do cibercrime, os bancos e os administradores de cartões de crédito querem a identificação prévia dos internautas. O diretor de Cartões e Negócios Eletrônicos da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Jair Scalco, diz que não adianta criar leis para punir as fraudes na internet se não houver a identificação obrigatória de todos os internautas. Ele defende que os registros de todas as conexões sejam preservados por pelo menos três anos.

O projeto recebeu muitas críticas. "É uma tentativa extrema de resolver a criminalidade cibernética, que não surtirá efeito. O criminoso vai se conectar por meio de provedores no exterior, que não se submetem à legislação brasileira, ou usará laranjas [terceiros] e identidade falsa no Brasil", afirma o presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares. A entidade é dirigida por professores da Universidade Federal da Bahia e da PUC daquele Estado.

Para Tavares, o projeto, se aprovado, irá burocratizar e restringir o acesso das pessoas à internet. "Não se pode acabar com a rede, em nome da segurança, porque ela nasceu com a perspectiva de ser livre e trouxe conquistas muito grandes, como a liberdade de informação e de conexão", afirma.

Para ele, os provedores tenderão a dificultar o acesso das pessoas à rede mundial de computadores, com medo de serem responsabilizados criminalmente por atos dos usuários.

Lobby


O relator do projeto é o senador Eduardo Azeredo (PSDB), ex-governador de Minas Gerais. Os especialistas do setor dizem que o mentor das mudanças é o assessor de Azeredo José Henrique Portugal, ex-dirigente do Serpro, estatal federal de processamento de dados.

O presidente da ONG Safernet diz que, por trás da identificação e da certificação prévias dos usuários da internet, está o lobby das empresas de certificação digital, espécie de cartórios virtuais, que atestam a veracidade de informações veiculadas pela internet.

De acordo com ele, o projeto está na contramão da democratização do acesso à internet, ou inclusão digital, pretendida pelo governo.

domingo, novembro 05, 2006

Saddam Hussein é condenado à forca por crimes de guerra

da Folha Online

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e dois de seus colaboradores mais próximos foram condenados à forca por crimes de guerra neste domingo (5), em Bagdá, pelo Tribunal Superior Penal do Iraque. Eles foram considerados culpados pela morte de 148 xiitas no povoado de Dujail, em 1982.

As datas de execução da pena ainda não foram divulgadas, mas os advogados de Saddam já apelaram da sentença e o novo veredicto pode levar até um mês.

Reuters
O ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, condenado à forca
Visivelmente nervoso, assim que ouviu a sentença proferida pelo juiz Raoul Abdel Rahman, Saddam gritou "Deus é grande! Longa vida ao povo e morte aos seus inimigos!"

Sete ex-colaboradores de Saddam acusados do mesmo crime também já receberam seus veredictos.

Também foram condenados à morte o ex-presidente do tribunal revolucionário iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe do serviço secreto do país. O ex-vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan foi condenado à prisão perpétua. Três ex-dirigentes do Baath, partido ao qual Saddam pertencia, foram condenados a 15 anos de prisão por homicídio doloso: Abdala Kadhem Rueid, seu filho Mezhar Abdala Rueid e Ali Daeh Ali.

Outro ex-dirigente do Baath, Mohamed Azzam al Ali, foi o único dos oito acusados absolvido pela Justiça iraquiana. O promotor principal do caso, Jaafar al Musaui, já havia pedido em junho que as acusações contra Ali fossem arquivadas, por falta de provas.

Imediatamente após a pronúncia da sentença, teve início uma série de tumultos na região norte da capital Bagdá. No distrito de Azamiyah, foram registrados confrontos contra homens armados.

Saddam dirigiu o país com mão de ferro de 1979 até sua derrocada, em abril de 2003, quando foi deposto pela coalizão liderada pelos Estados Unidos. As mortes em Dujail, segundo os argumentos da defesa, teriam ocorrido como uma represália por um atentado fracassado contra Saddam.

Crimes

Saddam é acusado ainda de diversos outros crimes, como ataque com gás a curdos e execuções sumárias. Veja uma lista dos principais crimes imputados ao regime do ex-ditador.

- Em 1991, Saddam esmaga a rebelião xiita no sul do Iraque, deixando milhares de vítimas, depois da derrota do exército iraquiano no Kuait por uma coalizão internacional liderada pelos EUA.

- Em 1988, durante a guerra Iraque-Irã (1980-88), a aviação iraquiana lançou agentes químicos sobre Halabja (nordeste). Este bombardeio foi o maior ataque a gás contra civis: cerca de 5.000 curdos iraquianos, na maioria mulheres e crianças, foram mortos em alguns minutos, e 10 mil feridos.

- Na campanha Anfal, em 1987/1988, cerca de 100 mil pessoas foram mortas em grandes deslocamentos de populações curdas e em massacres nas cidades curdas pelo regime de Saddam.

- O Irã, cuja guerra com o Iraque deixou quase um milhão de mortos de um lado e de outro, segundo estimativas ocidentais, acusa Saddam de "crime contra a humanidade, genocídio, violação das regras internacionais e utilização de armas proibidas".

- O Kuait, invadido em 1990 pelas tropas de Saddam e ocupado durante sete meses, pediu a pena de morte em sua peça de acusação contra o ex-presidente iraquiano por crimes cometidos no emirado. A peça de acusação torna Saddam Hussein e seus subordinados responsáveis por crimes contra a humanidade, crimes de guerra e uso da força armada para invadir o emirado.

- Em 1983, a execução de 8.000 membros da tribo Barzani, um potente clã curdo ao qual pertence o chefe do Partido Democrata do Curdistão e atual presidente do Curdistão, Massoud Barzani.

sábado, novembro 04, 2006

50 anos de uivos

13 de Outubro de 1955. Six Gallery de San Francisco - um galpão de oficina usado como local de reunião de artistas alternativos. Allen Ginsberg organiza um recital de poesia. O ponto alto da noite acontece quando são lidas as primeiras estrofes de seu poema ''Howl'' (Uivo - leia tradução em português AQUI), que seria publicado no ano seguinte.

''Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus / arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa...''

A publicação causou enorme escândalo e a censura ordenou a imediata apreensão da obra. Os defensores da primeira emenda da Constituição Americana - “o Congresso não fará nenhuma lei... que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa” - protestaram e um juiz, vendo a importância da obra para sua época, liberou a venda.

A performance foi reprisada em 1956, em escala ampliada, em um auditório em Berkeley. Ali estavam Kenneth Rexroth (convidado para ser o mestre de cerimônias da primeira rodada), Michael McClure. Gary Snyder, Robert Duncan, Philip Whalen e Philip Lamantia. Ginsberg, um dos maiores nomes da cultura contemporânea e que completaria 80 anos em 2006, deu o toque final na poesia norte-americana do século XX. Voz solidária a favor das minorias religiosas e étnicas, foi militante da causa homossexual e preso diversas vezes.

Não fazia segredo de suas idéias libertárias e as críticas corrosivas à política americana lhe renderam uma ação do FBI, que o considerou inimigo público e persona non grata ao país.

Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs formaram a “nada santíssima trindade” do movimento beat e consta que, juntos, participaram de ““experiências radicais”.

“Oh,Mother, Oh Mother”
Allen Ginsberg nasceu em Newark em 3 de junho de 1926, filho de imigrantes esquerdistas radicais judeus, marxistas, nudistas, feministas e todos os “istas” que sugerissem idéias modernas. Louis Ginsberg, o pai, era poeta e professor. A mãe, Naomi Levy Ginsberg, que começou a enlouquecer quando Allen era criança, foi internada numa clínica psiquátrica e lobotomizada.

Quando a mãe morreu, em 1956, o poema “Kaddish” teve que ser escrito em uma hora e meia, pois não havia gente em número adequado para que o rabino lesse a prece tradicional para relembrar os mortos (o kaddish).

Começa com a expressão da perda e do abandono:

"O mother / what have I left out / O mother / what have I forgotten / O mother / farewell". (oh mãe, oh mãe, o que eu deixei de lado, o que eu esqueci, oh mãe... adeus)

Durante a “Grande Depressão”, a família mudou-se para Paterson, onde Ginsberg terminou os estudos de segundo grau e deciciu estudar Direito. Ganhou uma bolsa da Young Men's Hebrew Association of Paterson to Columbia University, onde se decidiu pelo estudo da língua inglesa. Ali conheceu Jack Kerouac e William Burroughs e Neal Cassady, primeiro companheiro. Em 1943, passou a conviver com o colega Lucien Carr.

Na contramão
Nos entremeios da relação, Carr esteve envolvido na investigação de um caso de assassinato e Ginsberg foi suspenso da faculdade por um ano. Antes de se formar, em 1948, precisou trabalhar como porteiro de edifcio, soldador em estaleiros e lavador de pratos.

Também teve a chamada “falta de sorte” ao lidar com o escritor Herbert Huncke: presos após uma blitz de trânsito, o nome de Ginsberg foi encontrado em papéis deixados no carro, que era roubado. Alegando insanidade, a pena foi comutada para 8 meses de internação numa clínica psiquiátrica, onde encontrou Carl Solomon, um discípulo de Artaud, a quem dedicou, mais tarde, “HOWL!

Voltando a Peterson, conheceu o escritor William Carlos Williams e o jovem poeta Gregory Corso. Militou pela liberação das leis sobre drogas e, junto com Timothy O’Leary e Ken Kesey, foi a figura central do movimento psicodélico. Antes de se devotar por completo à poesia, trabalhou na Newsweek, em Nova York e San Francisco (1951-1953). Em San Francisco, alugou um quarto perto da livraria que publicou HOWL, a Lawrence Ferlinghetti’s City Light Press, com prefácio de Williams.

“Howl”, longo poema em prosa, foi um escândalo pela liguagem crua e explícita. Outra obra importante é "Hadda be Playin' on a Jukebox," poema que relata os acontecimentos mais importantes das décadas de 60 e 70 . “Plutonian Ode” é uma crítica ao armamento nuclear.

Pela paz no mundo
Ginsberg foi finalista para o Pulitzer com Cosmopolitan Greetings: Poems 1986-1992. Com a obra marcada pelo modernismo, ritmos e cadências de jazz, fé budista e ascendência judaica, foi a ponte entre os Beats dos anos 50 e Hippies dos anos 60 (na verdade, foi seu pai espiritual), criador da expressão Flower Power e referência na cultura beatnick. Mente iluminada, participou do evento Human Be-In, em San Francisco (1967), onde foi um dos que conduziu a multidão cantando o mantra OM, pela paz no mundo.

Foi pioneiro na luta pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, sempre defendendo a livre expressão. Sua complacência com certas práticas consideradas chocantes é famosa, assim como sua generosidade.

Depois da morte da mãe Ginsberg partiu para uma viagem ao Polo Norte. Foi à India com seu companheiro Peter Orlovsky, viagem inspiradora da coleção “The Change”.
Fez palestras em universidades contra a guerra do Vietnã, marchou contra a C.I.A., contra o xá do Irã e foi preso nos episódios da convenção democrárica em Chicago. Foi deportado de Cuba depois de denunciar o tratamento dado aos homossexuais.

A conversão ao Budismo e a devoção ao guru Chögyam Trungpa mudaram sua vida, sua poesia e seu modo de ver o mundo. Após a morte de Jack Kerouac ajudou a fundar a Kerouac School of Disembodied Poetics no Naropa Institute, uma universidade budista e ensinou lá.

Recebeu prêmios, títulos “Honoris Causa” e criou uma empresa, "Allen Ginsberg Industries", com sede em Nova York, que proporcionava uma espécie de “bolsa de trabalho” para poetas com dificuldades econômicas. Até o último momento - 5 de abril de 1997 - morrendo de câncer no fígado, sua preocupação esteve voltada para os semelhantes.

Baixar músicas da Web sem fins lucrativos não é crime, diz juíza

Da Redação

Baixar músicas em sistemas de troca de arquivos não é crime, pelo menos para a juíza espanhola Paz Aldecoa, da cidade de Santander. Aldecoa absolveu esta semana um homem de 48 anos acusado de compartilhar músicas pela Internet e abriu um novo precedente na batalha entre gravadoras e usuários da rede.

Segundo a juíza, pela lei da Espanha, uma pessoa não pode punida nem ser considerada criminosa por fazer o download de músicas para uso estritamente pessoal.

A decisão abre um precedente legal para que os 16 milhões de internautas espanhóis baixem músicas de graça via redes P2P sem serem punidos.

Segundo o site britânico The Register, a federação de gravadoras da Espanha, a Promusicae, deve recorrer da decisão.

O Ministério Público local e duas associações de gravadoras espanholas acusavam o homem de pirataria e pediam na Justiça dois anos de prisão por troca de músicas pela Web.

Devido às diferentes legislações, cada país europeu costuma adotar procedimentos legais diferentes quanto à troca de músicas pela Web. Na Finlândia, por exemplo, 22 pessoas foram multadas em € 427 mil na semana passada por compartilhar filmes, músicas, jogos e software pela Internet.

Na Suécia, mais de cem estudantes da Universidade de Växjö, na região sul do país, foram proibidos de usar a Internet nas instalações da instituição porque baixaram arquivos em seus apartamentos no campus.